Plataforma política é aprovada na assembleia nacional organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) nesta segunda-feira, 31 de maio, em São Paulo. Documento histórico foi construído com a unidade dos Movimentos Sociais e referendado por militantes de todo Brasil. UNE, UBES e ANPG contribuíram na elaboração do texto.
São Paulo, terra de milhões de brasileiros vindos dos quatro cantos do país, cidade cosmopolita que reúne o que há de mais diverso do país tropical, amanheceu fria nesta segunda-feira, 31 de maio. Já dentro da quadra dos bancários, tradicional reduto paulista da luta dos movimentos sociais, mais de 3 mil pessoas se aqueciam debatendo o futuro do país. Lá dentro, todas as cores, cheiros, tradições e costumes se encontraram durante a Assembléia Nacional da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), convocada para referendar a plataforma política a ser apresentada ao conjunto da sociedade.
O Projeto Nacional e Popular dos Movimentos Sociais foi aprovado e recebeu dezenas de destaques e contribuições dos participantes. Agora, a CMS pretende levar o texto aos candidatos à presidência, cobrando o compromisso daquele que assumirá o posto mais alto da república com as reivindicações dos movimentos sociais para o próximo período.
“Queremos consolidar as mudanças dos últimos anos e avançar, ampliar as conquistas e impedir qualquer retrocesso", frisou o histórico líder petroleiro Antônio Carlos Spis, da CUT, uma das principais figuras que conduziram a CMS ao patamar de importante força mobilizadora nacional.
A representante da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Stumpf, destacou o caráter de unidade e nacionalidade da assembléia. “Estamos aqui hoje para aprovar um texto construído a milhares de mãos, que contempla a diversidade do movimento social e suas principais reivindicações. Realizamos 17 assembléias estaduais antes de apresentarmos este documento à sociedade. Saímos daqui fortalecidos e prontos para avançar no processo democrático”, destacou.
Unidade na diversidade
A mesa de abertura contou com a presença de 12 entidades que compõem a CMS, representadas pelos presidentes da UNE e da UBES, Augusto Chagas e Yann Evanovick; por João Paulo, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST); Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Edson França, coordenador nacional da UNEGRO; Ubiraci Dantas (Bira), da CGTB; Bartíria Perpétua Lima da Costa, presidente da CONAM (Confederação Nacional de Associações de Moradores); Márcia Machado, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Sonia Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres.
Parlamentares também prestigiaram a assembléia, como o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT), presidente da Força Sindical, e o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que saudaram todos os presentes. Antes do início dos debates, integrantes do MST recitaram poemas e tocaram canções, unindo política e cultura.
O “protagonismo político dos movimentos sociais e dos trabalhadores” foi enfatizado pelo presidente da UNE, Augusto Chagas, apontando que esses atores “criaram as condições para os avanços”. Já o presidente da UBES, Yann Evanovick, destacou que “a unidade do MS é importante pra assegurar a vitória daqueles que representam as reivindicações do Projeto Brasil”.
Na pauta da CMS, o objetivo é obter novas conquistas. "Passamos por crise, políticas neoliberais, criminalização dos movimentos sociais e falta de diálogo. Não queremos o retrocesso, com a volta dos tucanos, que representam o neoliberalismo”, reforçou o presidente da CUT, Artur Henrique.
Ao final, João Paulo Rodrigues, do MST, celebrou o sucesso da plenária e o amadurecimento da Coordenação dos Movimentos Sociais. “A CMS dá um salto de qualidade. Antes era uma plataforma só contra a política econômica, depois só uma ofensiva contra a direita. E hoje ela se reúne e discute um projeto para o Brasil. Isso faz com que a militância se envolva mais, há o clima nacional de ampliar a pauta de reivindicações”, disse.
Documento
O documento aprovado pela plenária destacou que o Estado foi fortalecido no último período, “alcançando maior ritmo de desenvolvimento”, “a distribuição de renda e o progresso social avançaram com a valorização do salário mínimo, das políticas sociais e a integração solidária do continente foi estimulada”, porém, “muito mais há para ser feito”.
Diz trecho do texto: “Defendemos mudanças na política econômica, com redução dos juros e do elevado superávit primário, para que o país transite para um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Estas mudanças são fundamentais para contribuir com o fortalecimento e a ampliação dos programas sociais, investimentos em infraestrutura, saúde, educação, habitação, saneamento, energia, transporte público, geração de emprego e distribuição de renda. Sabemos que enquanto não resolvermos a grave desigualdade social motivada pela enorme concentração de renda e riquezas em nosso país não avançaremos na constituição de um Brasil democrático”.
Campanhas
Durante a Assembléia, foram lançadas duas importantes campanhas: a primeira distribuiu aos presentes folders com o formato de um cartão vermelho. Todos fizeram o gesto do juiz do futebol para repudiar a prática do trabalho infantil no Brasil. Uma segunda campanha lançada foi “América Latina e Caribe - contra a instalação de bases militares estrangeiras nas duas regiões”, coordenada pelo Cebrapaz, que distribuiu ainda uma mensagem de solidariedade à Cuba, pedindo o fim do bloqueio econômico; em defesa dos cinco prisioneiros cubanos detidos nos Estados Unidos e a devolução imediata de Guantánamo aos cubanos.
» Baixe a íntegra do Projeto Nacional e Popular dos Movimentos Sociais 2010
Da Redação UNE
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