Não podemos negar que nosso país é provido de uma beleza e riqueza inigualáveis e que é para poucos, não é para menos que o Brasil seja centro de atenções internacionais e motivo de muitas especulações, chegando a ser considerado por muito como o “celeiro do mundo” devido à grande capacidade produtiva de nossos campos férteis e extensos.
Porém, lamentavelmente, nós mesmos não estamos sabendo administrar tais bens preciosos, desde coisas simples até as maiores complexidades de nosso sistema sócio – político. Um exemplo de nossa falta de poder em situações de baixa complexidade é a patética briga Brasil – Japão pela patente do fruto açaí, ou ainda, a permissividade com a qual é tratada a presença dos Estados Unidos na posse das pesquisas e patentes dentro da Amazônia brasileira, que neste caso a Andiroba produto daquela região, agora é “natural das florestas tropicais norte – americanas, com seu clima extremamente temperado”. Ora, pois, que independência temos nós brasileiros se aceitamos gratuitamente tudo o que nos é imposto pelo exterior?
É um tanto ridículo sermos ensinados e até obrigados a aprender a cantar o “nosso” hino nacional que remete – nos a uma idéia de nação forte, unida, cultuada, que tem tudo do bom e do melhor e que somos apaixonados por essa pátria, o que não é real, a não ser em época de copa do mundo.
Não há como amar, adorar ou mesmo morrer por uma pátria que se vende e que nem mesmo respeita os direitos legais constitucionais garantidos ao seu povo. No Brasil com 188 anos de Independência, 186 anos de Constituição Federativa e 123 anos de um “Projeto de Tentativa de Abolição”, tudo que notamos é o extremo descaso e omissão da classe política em relação às classes sociais populares, pois ninguém em sua saudável condição de consciência se atreveria a afirmar que nossos direitos vigentes no Artigo 3º da Constituição Federativa da República Brasileira são respeitados.
Tudo o que observa – se no Brasil é a falência da educação publica com seus fracassos pedagógicos, diminuindo a cada dia a qualidade de formação da população e alienando ainda mais as classes populares que são tão oprimidas e escravas de um sistema que as consome por completo devido a ignorância a qual são induzidos; a saúde pública brasileira é muito bem estruturada, perfeita e funciona as mil maravilhas no papel, pois na prática tudo o que notamos é o abandono e as piores qualidades possíveis em atendimento as classes populares que dependem deste serviço essencial, não raro assistimos nos noticiários que pessoas estão morrendo ao esmo nas filas dos e hospitais e pronto – socorros públicos, podemos citar ainda que a falta de respeito com a saúde publica é tão grande que não há nenhuma preocupação para criação de um sistema de atenção à Doenças Falciformes que acomete 13% da população de negros do Brasil; absurdamente temos observado que a previdência social em nosso país historicamente foi lesada de todas as formas, de modo que os bandidos que roubaram nada devolveram e nunca devolverão, o rombo da previdência ultrapassa a cifra de R$ 24,6 bilhões de reais, um aumento estonteante de mais de 2000% deste valor em dois anos, enquanto isso o trabalhador brasileiro cai cada vez mais dentro de seu poço de miséria, ganha pouco e quase tem que pagar para trabalhar e os desempregados amargam o sabor do descaso do qual são vitimas constantes, enquanto que os furtantes do dinheiro público se deliciam em delações premiadas, condutos de natal, condutos de páscoa, daqui mais um tempo inventarão o conduto de São João, Conduto de Nossa Senhora Aparecida, etc.; mais lamentável é percebermos que em pleno século XXI ainda presenciamos os piores e descarados tipos de racismos que são constantemente negados.
Em tais situações como as acima colocadas é impossível afirmar – se que no Brasil há igualdade sócio – racial – econômica, tudo o que notamos é um povo escravo de sua própria ignorância e alienação que nunca são resolvidos, e muitas vezes são até incitados por governo, mídia e por alguns grupos de educadores que vivem a discutir o “sexo dos anjos”. Nem mesmo o titulo de celeiro do mundo fez com que o Brasil implantasse uma reforma agrária decente, igualitária que permitisse aos pobres de fato o mínimo de dignidade, mas a classe política vai sempre pela vertente de deixar tais assuntos para um plano posterior, pois afinal de contas para eles o povo, principalmente os pobres deveriam desaparecer, pelo menos as ações tomadas por tais governantes denunciam isto.
Literalmente, em 188 anos de independência, não temos o que comemorar e muito menos de se orgulhar, como sempre, continuamos como bons brasileiros e não desistimos nunca, continuaremos nas lutas com as classes sociais populares aguardando desdobramentos futuros, com esperança que é comum todos nós pobres e abandonados, deixando para trás a visão “bizantina” de que o Brasil é só futebol, praia, carnaval, pois o que é vendido para a mente do povo é esta imagem da ilusão do bem e da beleza que o país possui que somente é acessível para aqueles que nasceram em seios familiares privilegiados, nós de nossa parte continuamos a vivenciar o “teatro de horrores” que nada tem de belo, vivendo a realidade de uma dependência eterna do capital, iludidos pela sensação de independência.
Por: Felipe Barbosa Teixeira
(Membro do Movimento Negro de Rondonópolis e Acadêmico do Curso de Engenharia Agrícola e Ambiental/ICAT/CUR/UFMT)
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