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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dessa vez a Independência vem?


Caso olhemos para a folhinha no dia 07 de setembro veremos que o feriado da independência (qualidade de ser independente, não depender de ninguém, ser livre; autônomo) esta lá para ser comemorada; 187 anos de independência para o Brasil?
Qualquer brasileiro sabe que não somos livres. Devemos quase US$ 140 bilhões ao exterior e quase R$ 2 trilhões de Dívida Pública. Que independência é essa?

Vamos comemorar?

A situação de o Governo Federal dever tanto assim, faz com que os investimentos públicos principais não ocorram na escala necessária e nem próximos dela. Assim o desemprego não se reduz e a economia informal não desaparece (+ de 40 milhões de carteiras de trabalho não são assinadas). Em função da crise atual, as coisas pioraram ainda mais: a violência pessoal, familiar, policial e social, os freqüentes cortes nos orçamentos da saúde pública cresceram como nunca.
Por outro lado, a qualidade de vida da maioria fica mais comprometida, perdendo valor, enquanto a educação decai em função de erros passados, chegando a haver situações em que o governo precisa pagar para que o aluno excluído volte a estudar.

Independência?

Em nossa história, tivemos pelo menos quatro ocasiões de nos tornarmos ricos e livres. A mineração (século XVIII) acabou carreando o ouro para Portugal, sendo que este foi parar, por fim na Inglaterra. Ambição demasiada, voracidade estonteante, dilapidação frenética dos meios naturais, por parte de metrópole e colônia, conduziu a decadência rápida.
O Brasil chegou a ser o único produtor agrícola mundial por muito tempo. Com o café começamos a financiar indiretamente nossa indústria de base. O que ressaltamos para o ouro se aplica também ao café, ao que se acrescenta ainda a ausência de uma política aguerrida de preços e plantagem organizada.
O surto da cana-de-açúcar fez do Brasil o primeiro e quase único produtor de açúcar e álcool por quase 200 anos. Foi o nosso primeiro “ouro verde”, capaz de edificar a sociedade do açúcar que levou para o Nordeste a supremacia econômica no País por também quase 200 anos. O somatório de erros repetidos mais a concentração fundiária, a escravidão, a monocultura e a superprodução relativa, levaram o açúcar e o Nordeste para a crise.
Depois da segunda Guerra Mundial, o Brasil foi o país que mais cresceu economicamente e até a crise da divida (anos de 1980) teve certo esplendor como desenvolvimento do subdesenvolvimento industrial maduro. A aventura do Plano Real e da privatização tornou – nos mais independente ainda da suposta Globalização. O Brasil caiu da posição de pais industrializado para exportador de “commodities”: (soja, frango, carne bovina, suco de laranja, açúcar, etc.); que recuam sua participação no comercio internacional de 1% para quase 0,5%.
Nosso PIB chegou a US$ 800 bilhões, durante os Governos Militares e hoje mal alcança US$ 500 bilhões.


Independência? Vamos comemorar?

Lula anunciou esses dias que descobrimos, em território nacional, a maior concentração de petróleo do mundo, até então conhecida, o Pré – Sal. Dessa vez, sem peias nem meias, podemos alcançar no curto e médio prazo, não apenas nossa autonomia sonhada pelo povo brasileiro (assalariado, desempregado e remediados), mais um ágil e fértil programa de redistribuição para nossa gente.
Nosso presidente, uma pessoa de muita sorte e competência, anda se manifestando de forma um tanto ambígua a cerca dessa questão, que exige um posicionamento de um verdadeiro Chefe de Estado que se ponha na defesa de seu povo, e não fique querendo urgência de uma aprovação irresponsável do projeto sem nem mesmo decidir como vão ser distribuídos os recursos obtidos com a exploração do solo que pertence ao povo brasileiro. Devemos acompanhar tudo isso com redobrado interesses; podemos mesmo vigiar o processo que pode nos tornar livres e providos em abundancia. Vamos acompanhar, cobrar e participar, defendendo nossos interesses e necessidades.
Tomara que em 07 de setembro de 2011, já tenhamos o que comemorar.


Rondonópolis – MT, 03 de setembro de 2010.

 
 Por: Profº Pós Dr. Flávio Antônio da Silva Nascimento (Professor – Depto. História do ICHS/CUR/UFMT).

                Felipe Barbosa Teixeira (Membro do Movimento Negro de Rondonópolis e Estudante do 8º semestre de Engenharia Agrícola e Ambiental do ICAT/CUR/UFMT).

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