Saudade é uma das palavras que existem apenas na língua portuguesa, sendo uma das mais difíceis em ser traduzidas do mundo. A definição de samba também não é simples. Muito mais do que um ritmo musical, uma dança ou uma manifestação cultural brasileira, samba é uma ideia, um jeitinho, um sentimento ou uma forma de combate.
Com saudade e com samba, iluminados pelo colorido do por do sol em Ipanema, oito mil estudantes realizaram a Culturata de encerramento da sétima Bienal da UNE, na tarde desse sábado (22). Delegações de todos os estados, junto a estudantes do próprio Rio e da população local desfilaram em um bloco do posto 9 até o Arpoador, puxados pela energia incessante da bateria do grupo Carmelitas de Santa Teresa.
A Culturata fez jus à proposta da sétima Bienal que, ao eleger o samba como forma de combate, deixou de lado o medo de que o Brasil se transforme em um grande carnaval de festa e lutas, sem prazo para a última batida. Para endossar essa idéia, fizeram sua parte, com muita animação, as alas do Afoxé Dragão do Mar e o Bloco dos Valetes. Ao término da caminhada, os oito mil estudantes aplaudiram o por do sol de Ipanema, deixando que o dia terminasse de forma harmoniosa e marcando uma doce despedida para os jovens que ocuparam o Rio por cinco dias e agora retornam para seus estados.
A tônica da Culturata também foi pela solidariedade, com o lançamento de uma campanha da UNE para apoio às populações atingidas pelas enchentes na região Serrana do Rio de Janeiro. “Viemos mostrar a nossa disposição em ajudar as pessoas que perderam suas casas, que estão fragilizadas ou desalojadas, através da participação dos estudantes”, disse o presidente da UNE Augusto Chagas. Através do e-mail souvoluntario@une.org.br, os jovens poderão se inscrever para atuarem, de acordo com sua formação específica, no suporte às vitimas e na reconstrução das regiões afetadas nos próximos meses.
BIENAL CHEGA AO FIM
Essa Bienal da UNE foi a que mais integrou-se ao espaço natural e urbano, em um diálogo completamente harmonioso e saudade com a capital carioca. As tendas montadas em diferentes pontos do Aterro do Flamengo, com entrada completamente aberta para a população, fizeram um evento democrático e versátil.
Cinquenta anos depois das experiências do Centro Popular de Cultura (CPC da UNE), que resultaram em obras icônicas da cultura brasileira, a sétima Bienal mostrou que o movimento estudantil está novamente afiado com essa atividade ao receber a inscrição recorde de trabalhos para suas mostras. Os muitos debates nas Arenas montadas e no Buteco Literário revelaram, também, que a UNE está afinada com as principais discussões do campo cultural brasileiro.
No entanto, a Bienal chega aos 12 anos de vida extrapolando definitivamente o viés artístico para ser um grande evento da diversidade da juventude. Exemplo disso foi o sucesso das atividades esportivas na Arena de Praia e na Arena Radical. Foi também uma forma de homenagear a cidade que, nessa década, receberá os dois maiores eventos esportivos do mundo.
Os shows da Bienal, um dos seus pontos fortes em todas as edições, também não deixaram por menos. Totalmente sintonizados com o tema “Brasil no estandarte, o samba é meu combate”, tiveram a estrela de artistas como Beth Carvalho, que mesmo por pouco tempo. incendiou os estudantes na abertura do evento, e Elza Soares, que protagonizou uma apresentação histórica , com o grupo Farofa Carioca, no dia do padroeiro do Rio de Janeiro.
VEJA OS NUMEROS DA SÉTIMA BIENAL
10 MIL ESTUDANTES
25 SHOWS
15 DEBATES
MAIS DE 40 DEBATEDORES
1101 TRABALHOS INSCRITOS
MAIS DE 100 HORAS DE ATIVIDADES
130 ONIBUS DE TODOS OS ESTADOS BRASILEIROS
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